Antes que seja tarde demais. A
contar da publicação desta coluna estima-se que levaremos no mínimo dez anos
para, caso realmente a educação se torne uma prioridade, alcançarmos os
primeiros degraus dos países mais avançados. Os exemplos são muitos. Há quatro
décadas éramos proporcionalmente mais ricos que a Coréia do Sul. Tempos mais
tarde a visão coreana priorizando os investimentos na educação inverteu, com
bastante folga, essas posições.
Os problemas brasileiros são bem
conhecidos, ainda que mal estudados. O mais crítico deles esta na esfera das
relações políticas. A começar pela excessiva centralização imposta pelo MEC,
transformando-o numa dispendiosa estrutura de controle. Criado sob a concepção
varguista de um estado forte e educador do povo, permanece com essa herança de
longa duração, impedindo o protagonismo dos estados e a adequação mais efetiva
às múltiplas realidades do nosso país continental. Mas a solução seria
empoderar as secretarias estaduais e municipais? Não é tão simples assim.
Conhecidas de longa data como correias de transmissão das práticas
políticas/eleitorais, as secretarias sofrem com a contaminação dos projetos de
poder. A competência e a experiência ficam quase sempre em segundo plano e isso
se aplica aos professores nomeados para essas tarefas. Afinal, temos muitos
professores ruins e que, por trocados e pela ilusão vaidosa do poder, se
prestam a qualquer serviço.
Além desses fatores, nos baseamos
mais em estatísticas do que em conhecimentos produzidos. O Brasil é campeão
nisso. Em educação já temos estatísticas das estatísticas e elas bastam, sob o
argumento de que os números “falam por si”. Há truísmos como o do investimento
de X por cento em educação. Nada garante que separar 10, 20, 50 ou 70% da
arrecadação para a educação vá gerar melhorias. Afinal, de nada adianta muito
dinheiro mal gasto, ou desviado... Enquanto isso, nos pegamos em planos e mais
planos generalistas que não se refletem seu âmago em três pontos de fundamental
importância: efetividade/tempo, controle social e permanência, não sendo
descartado a menor mudança eleitoral.
É claro que precisamos rever
nosso modo de investir em educação. Hoje basicamente, dos níveis mais
fundamentais ao superior, reduzimos o processo educacional ao mero pagamento de
salários. E em muitos casos nem isso vem acontecendo e sem a menor preocupação
por parte da classe política que aprendeu, faz tempo, a demonizar a luta do
magistério jogando contra ele os pais dos alunos usuários da rede pública.
Fala-se com tanto garbo do futuro das crianças, levando a crer que fazer muito com poucos recursos, sem
remuneração adequada ou mesmo sem remuneração nenhuma, é o dever de todo bom
professor. Chamam isso de amor.
Para comemorar o dia dos
professores precisamos levar a sério tanto o ofício quanto a educação em si, da
formação à estrutura (menos de 1% das escolas brasileiras tem o mínimo
necessário para colocá-las no século XXI), da finalidade aos frutos, das
pesquisas ao desenvolvimento e deste para a formação de uma nova nação.
Basta querer. E para isso a
primeira providência é banir a politicagem da educação, substituindo-a pela
competência (2018 é a primeira chance de surrar nas urnas os politiqueiros da
educação) e pelo espírito público (o lobby dos conglomerados privados em todos
os níveis é absurdamente influente na política). A segunda é priorizá-la como
alavanca de progresso humano e social. A terceira é fazermos isso juntos.
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