terça-feira, 4 de julho de 2017

Três Lições (Publicado na Folha dos Lagos de 2/7/17)



Recentemente pude aprender algumas lições em política, afinal, ela é dinâmica. Para conquistar a consideração do distinto leitor e a brandura da diagramação deste espaço, vou nominar apenas três.

A primeira lição é a de que qualquer transformação só pode surgir do processo revolucionário. Desconsiderando momentaneamente sobre qual lado político a promova e se virá pela mudança radical de pensamento e comportamento ou pela via da força, o que nos importa nesse breve instante é a afirmação de que os poderes constituídos são centrífugos e tendem a conservação. Observemos bem as estratégias do Planalto e de seus aliados, bem como de todos os políticos e demais envolvidos com os malfeitos contra a nação e a República, e vamos concluir que as peças estão se movendo rumo ao acerto das arestas. Se as investigações não podem retroagir, podem ser impedidas, sustadas, arquivadas, desconsideradas, negadas e, para isso, basta que se coloquem as pessoas certas nos lugares certos em defesa do errado.

Já não resta muita dúvida que as recentes modificações na Procuradoria Geral da República, bem como do comportamento da base parlamentar vá dar ao país um desfecho diferente do que imaginamos, a vitória do argumento de um país cambaleante que precisa de paz para ser reformado. O problema é que toda e qualquer reforma, no momento, é como uma demão de cal rala em paredes tomadas de mofo e podridão.

A segunda lição recente, e que deve ser aprendida rápido por quem tem apetite em política é de que não existe fila. O político que espera sua vez na fila para lutar pela possibilidade de ver seus ideais concretizados em mandato está fadado ao ocaso precoce. Toda e qualquer fila é um arranjo provisório e desconsidera a dinâmica dos fatos e, não raro, presta-se mais ao serviço da formação de dinastias do que propriamente a oxigenação, crescimento e fortificação de grupos políticos.

A primeira conhecemos bem, os processos dinásticos das famílias políticas, dos coronéis que exerceram o mandonismo nos campos e nas cidades. O resultado quase sempre não acaba bem. Ao menos para o povo, com plena certeza. Já a oxigenação faz um grupo crescer e prosperar. Para isso basta deixar que a política faça seu trabalho, pois ela mostra de fato qual candidato possui as condições para ser a nova liderança. E quanto mais se antecipa esse destino mais se mostra a fragilidade do nome posto, pois precisa desesperadamente ser inflado mais pela mão que ameaça o tapa do que a mão que afaga e conquista.

Exemplo maior disto é a crise pelas quais os partidos que tinham seus presidenciáveis consolidados – vários deles na base da “marra” – e que com os recentes escândalos já podem ser considerados cartas fora do baralho. E como os grupos e partidos gastaram precioso tempo em movimentos de conformação com seus fatos consumados, agora se remoem de modo caótico em busca de figuras que possam ser adesivadas no coração do povo. Não é fácil. O PSDB que o diga.


A terceira e última lição é a de que cada político paga o preço por quem escolhe para assessorá-lo. As delações mostram fartamente as mochilas, malas e outras tantas artimanhas que, em nome dos políticos ou a mando deles, se fazem no troca-troca criminoso do tráfico de influência. E tapear um político parece ser tão fácil quanto ele tapear o povo. Se assim não fosse, não teríamos tanta gente ruim e desqualificada sendo incensada como gurus e mentores, bem remunerados. É hora do político voltar a ser o protagonista do elenco.

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