O que esperar para 2018? Creio em
particular que seja um ano com pelo menos duas grandes tendências: A de
consolidar a mesmice ou acender a fagulha de uma transformação mais intensa.
Para a primeira opção pesa a história. Corrupção e crise não são novidades e as
pessoas aqui tem o mau hábito de apenas perceber uma em função da outra. Ou
seja, apenas em momentos de crise é que a corrupção é percebida como algo nocivo.
Quando ela é vencida, a corrupção volta ao patamar do aceitável. Na verdade
quando as pessoas estão minimamente satisfeitas com o que tem, os malfeitos na
coisa pública são notados ou como uma regra do jogo inevitável ou como algo que
um dia, quem sabe, pode vir a beneficiar direta ou indiretamente.
Desse modo, não acredito que
tenhamos surpresas nas eleições desse ano caso a crise comece a melhorar. Os
grupos políticos, mais especificamente os construtores de dinastias, sabem bem
que para o eleitor, quando este está levando uma vida normal, basta apenas um
dinheiro e algumas promessas. Em suma, melhorando o cenário, vamos assistir
embasbacados campanhas de deputados dinásticos turbinadas por vários segmentos
da população que antes clamavam por mudança. Mas se a crise não melhorar esses
grupos terão mais dificuldade. Aí nem o dinheiro resolve o problema. Vamos
então torcer pela crise prolongada? Tentador. Mas não é o caminho.
Só que para haver a melhora é
preciso projeto, estudo e inteligência. Três coisas que geralmente os governos
tem pouquíssimo ou nenhum apreço. As máquinas públicas se tornaram algo
estranho. Precisam responder aos sinais dos tempos, sobretudo os agudos, mas ao
mesmo tempo manter a estrutura que sempre fizeram as coisas ser como são. Nessa
conta, sobram iniciativas individuais aqui ou acolá mas sem articulação, sem
fazer parte de uma visão maior... Fazer administração pública hoje se tornou
uma colcha de retalhos, em partes você encontra seda, em outras, pano de saco.
No final, o cobertor fica estranho, irreconhecível, as vezes imprestável.
A chance de mudança passa por
essa reflexão. Teremos a oportunidade de usar os melhores quadros, entre
futuros eleitos e futuros trabalhadores na coisa pública, sem que o critério
seja o de pertença a grupo tal e qual. Isso é primário e estúpido. Até porque
muitos bons quadros se tornam meros bibelôs. Estão lá para que se possa, quando
necessário, dizer que estão. O chamado verniz.
Oportunidades mesmo, sempre são
dadas aos que se dispõem aos esquemas fisiológicos, aos que não se importam em
ser fantoches, aos que só querem um bom salário e não se preocupam minimamente
com o sentido da palavra servidor. São para os que conseguiram juntar votos ou
a promessa deles. Uma confederação de menos capazes.
Só que os tempos pedem os
melhores. Que tenhamos a coragem de dar a eles a oportunidade de fazer o que
podem. Para isso, não basta desejar, mas construir um 2018 de competência e de
diálogo.
Feliz ano novo.