Historicamente o natal é
comemorado como uma festa cristã. Estima-se que mais de dois bilhões de pessoas
estarão, no próximo dia 25, relembrando o nascimento de Jesus de Nazaré. O que
nem todos sabem é que esse conjunto de referências que envolvem a data não
pertence de modo direto aos seguidores do divino aniversariante e, em tempos de
intolerância e esquecimento dos diferentes modos de nos religarmos a tudo o que
nos cerca, vale a pena um papo histórico para acompanhar os festejos.
A começar pela própria data. O
nascimento de Jesus não chega a ser nem uma estimativa e sim uma definição
apriorística. Por volta do ano 200 definiu-se a data de 20 de maio. Mais a
frente, 180 anos depois, a data passa a ser a que hoje tradicionalmente é
celebrada: 24/25 de dezembro. E por quê? Na primeira data citada, o
cristianismo era uma seita ilícita nos domínios de Roma. Antes da segunda data
um fato memorável definiria a virada do jogo: A conversão do imperador
Constantino em 312. De seita ilícita a permitida e encorajada, a religião moral
passou a ganhar adeptos em escala. O próprio imperador, no dúbio papel de chefe
da nascente Igreja Cristã e de expoente máximo do paganismo, sintetizou o que
seria a tônica dali por diante, o sincretismo que aos poucos traria as crenças e
práticas populares para o seio da cristandade. Lembrando que o termo “pagão”
designa as pessoas simples, do campo ou ligadas a terra.
Então vamos lá. Em 25 de dezembro
era celebrado o Yule, o solstício de inverno no hemisfério norte (e celebrado o
sol de verão no sul...), festa muito popular no paganismo. Mas não só. Era um
dia atribuído ao deus Mitra. O culto de mitra era tão disseminado quanto o
cristianismo no período, sobretudo entre os soldados romanos. Curiosamente, o
mitraismo era uma religião de estrita moral, de um deus (Mitra) que nasce de
uma virgem e a ele é atribuído o domínio do sol invicto, a coroa do mundo e que
é visitado por magos nesse dia... Além disso, o mitraísmo tem como ponto
culminante de sua ritualística uma ceia com pão, água, vinho e carne, teve doze
discípulos, fez muitos milagres, era branco de olhos azuis e cabelos compridos,
morreu e ressuscitou três dias depois...
Dar ou trocar presentes – algo que hoje
atribuímos ao espírito do capitalismo – também era uma prática pagã atribuída a
deusa romana Strenia. Assim como a popular árvore de natal! Nos diferentes
tipos de paganismo a árvore simboliza a fertilidade, a vida, firmeza,
longevidade, sabedoria e ancestralidade. Nos festivais, troncos cortados ou
mesmo as grandes árvores como pinheiros, freixos, seixos e outros eram
enfeitados com pedras, ossos, frutas, etc... Há histórias do velho Odin
visitando o mundo com seu cavalo de oito patas distribuindo presentes a quem
deixasse doces nas meias.
Assim, não importa como você
comemore esse natal. Apenas o faça lembrando do que nos torna tão humanos e
fascinantes! Os valores de bondade, solidariedade, honestidade, gratidão e
unidade. Que façamos nossos brindes, votos lembrando exatamente de tudo que é
necessário, não importando o tipo da crença mas sim o que delas temos de
melhor.
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