Com a aproximação das eleições
voltamos a escutar uma dúzia e meia de discursos sobre a juventude, seu papel,
sua importância, a necessidade de fazer parte da política. Entretanto o termo é
tão genérico quanto tudo que dizem ser o tal receituário participativo. De fato
o jovem não está tão longe da política assim. É necessário apenas compreender
de que jovens estamos falando.
Por exemplo, para os velhos
esquemas políticos os seus jovens são uma necessidade de apresentar uma
novidade, uma nova cara, mas com tudo que pode representar permanência no
poder. Para piorar a situação, os mimados novinhos conseguem ser ainda piores e
mais danosos a sociedade do que seus predecessores. Explica-se. Os que
conseguiram no passado formar grupos políticos razoavelmente bem sucedidos,
utilizando para isso todas as artimanhas e práticas comuns ao nosso fazer
político, o fizeram com algum grau de compromisso com seu espaço vital.
Porém, as crias naturais ou
agregadas desses grupos, não foram acostumadas com a necessidade ou com a
dificuldade em consolidar-se com algum legado concreto. São da geração que se
deu ao luxo dos cargos fantasmas, das vantagens e benesses, da absoluta falta
de necessidade de uma carteira assinada ou de um expediente com metas de
produtividade. Ao emergir para a vida pública, o único compromisso dessa
juventude é a manutenção do poder e, obviamente, enriquecer. E só. Não é
possível estabelecer nenhum compromisso com esse tipo de jovem político. Não
possuem visão além do cifrão. Na verdade, essa juventude não precisa nem ao
menos fazer política, no sentido clássico, relacional do termo. Seus grupos já
vem pagos e a “máquina” já vem ligada para que eles apenas pilotem sem maiores
preocupações. Tudo cai facilmente no colo para que apenas possam fazer os acordos
que mais atenderem aos seus caprichos pessoais.
O outro tipo de jovem é o das
classes populares. Aqui, há os que vêm com etiqueta de preço e engrossam os
exércitos de cabos eleitorais remunerados daqueles outros jovens que
continuarão muito ricos a custa da pobreza dos que levam seus santinhos para as
ruas e para as urnas. E há os que despertam para alguma criticidade,
militância, posicionamento. Não se vendem. Não se corrompem. Querem discutir,
mesmo que ainda de maneira um tanto enviesada, projetos e idéias. Mas esses são
os jovens chamados de ruins, de manipulados, de maconheiros, de esquerdopatas
ou coisas do gênero.
Claro que os jovens políticos dos
velhos esquemas não podem parecer o que realmente são. Instáveis,
inexperientes, rasos e extremamente vingativos. Para isso usam seus prepostos,
fazendo toda a maldade possível, mas vendendo uma falsa discordância entre os
dois lados de uma mesma moeda. É como
agiota que diz discordar da tortura mas que não pode fazer nada, pois o
torturador é “de outro departamento”.
Sendo assim, prestemos atenção
quando o assunto é juventude e, especialmente, movimentos de juventude. Nem
sempre temos grandes novidades para além da politicagem.
0 comentários:
Postar um comentário