sexta-feira, 30 de dezembro de 2016 0 comentários

Acabei de Ler e Recomendo!


O romance tem como personagem principal um sujeito comum, Calixto, ao mesmo tempo protagonista e espectador do seu próprio drama existencial. Conforme suas escolhas e o seu cotidiano vão engolindo a si e a tudo o que está ao seu redor, o livro nos instiga a repensar, afinal, o que é importante e necessário para que possamos, simplesmente, existir, 



Gostei dessa leitura, presente do amigo e aluno Josemar. Na verdade é um ensaio tendo como base um conjunto de estudos que, em suas particularidades, podem convergir para a seguinte questão: como os diferentes grupos tendem a polarização e a radicalização das suas posições? Além disso, reflete um pouco acerca do comportamento dos indivíduos no grupos sociais e sobre a importância da divergência no processo democrático. 
terça-feira, 27 de dezembro de 2016 1 comentários

Crônica: O Abominável Mundo Gourmet




Todo mundo já teve a sensação de que as coisas no mundo de hoje andam meio desreguladas. Para alguns isso pode ser interpretado com mero saudosismo. Já outro, mais conformados ainda, já consideram como os inevitáveis sinais de que tudo mudou e que caba a cada um de nós uma resignada adaptação. Nada contra quem gosta desse universo, não precisa nem xingar o autor ou mesmo continuar a leitura do texto. Afinal, meu paladar está mais próximo do meu bolso do que das papilas gustativas... Já é por si só uma boa razão para desqualificar a presente crônica...

Seja como for tem coisas que, apesar de estar quase chegando à meia-idade, eu ainda não me acostumei. Uma delas sem dúvida é esse tal de mundo gourmet. 

Venho pensando sobre isso há bastante tempo. Creio que tudo começou quando percebi, com bom carioca, que uma das nossas maiores tradições, praticamente nosso patrimônio imaterial da sociabilidade, o cafezinho de alguns centavos sumiu do mapa. Ainda me lembro que era possível achá-lo em qualquer biboca e podíamos molhar a palavra, seja na xícara de louça branca ou no copo de vidro. Hoje é melhor não ter nem tantos amigos  pois convidar alguém para um café tornou-se um evento. O cafezinho virou uma obra artesanal, selecionada, decorada, servido a um preço, convenhamos, nem um pouco atraente. Se antes podíamos beber um café, agora nós o degustamos. 

Ou seja, ficou um saco! E de uma hora para outra todo mundo virou especialista em café. "A temperatura da água vai macular o pó", dizem uns... "Prefiro grãos de puro arábica orgânico", dizem outros... E assim quase expulsamos o cafezinho de nossas casas, queimamos os maravilhosos coadores de pano e só abrimos exceções às máquinas (sempre elas...) que aceitam aqueles charmosos  refis de potinho. Aí sim é café. Talvez o mesmo valha para o chá, não pesquisei... 

Até no mundo animal o espectro gourmet chegou. Não consegui entender até hoje por que a ração do cachorro tinha o título de "salmão com ervas" ou "seleção de carnes ao molho", sendo que na composição só encontramos o emaranhado de carne, legumes, farelos... imaginei como serviria tal iguaria, na tigela? Heresia!

Mas vi que a coisa ficou realmente feia no planeta no dia em que fui almoçar no botequim de costume, no Rio de Janeiro. Sabe aquela comidinha honesta e a um preço promocional para a classe trabalhadora? Esse mesmo! A apresentação, apesar de simples, sempre foi bacana, evitando aquela geografia difusa dos pratos-feitos, lançando mão de uma pequena caçarola para a porção de feijão e a bandeira de alumínio para o restante da opção do dia. A rotatividade é sempre a dica de que a promoção é feita de produto fresco. Bom, o caso se deu quando ao meu lado um cidadão, notoriamente tão trabalhador como qualquer um outro ali sentado, pediu explicações ao garçom e posteriormente ao proprietário do estabelecimento se a carne que estava prestes a comer havia sido ou não congelada. 

Como a resposta era de que a carne havia sido descongelada para o consumo do dia, o nobre comensal se negou a comer e pediu para trocar por uma feita imediatamente para ele, um corte recém feito, de um boi que, de preferência, acabasse de parir o bife. Chegou outra travessa. O rapaz fez uma incisão, olhou, cheirou, olhou de novo, e chegou ao veredito, agora olhando para mim, que estava sendo enganado. De quebra, como nem eu nem ninguém tinha o menor interesse, sentenciou de modo orgulhoso que fazia curso de chefe.

Não sabia se eu ria da cena ou do fato de ter desejado o bife, caso não tivesse sido dissecado com tanto desprezo. É o mundo gourmet, dos programas de televisão que mostram cozinheiros neuróticos gritando e exigindo de outros candidatos a neuróticos uma perfeição que, na mídia de massa, dá a aparência de ser a regra do mundo contemporâneo.

Por isso, talvez não encontraremos mais cafezinho barato, ficaremos chateado com a falta de padrão, ornamentação e frescor dos pratos do botequim, olharemos com vergonha para o nosso freezer, com desprezo para nossa geladeira e aceitemos passivamente que tudo que leva o nome de gourmet merece custar o olho da cara. E para melhorar, todo mundo virou especialista em gastronomia. Ficou um saco!

Para terminar, pensei no apocalipse quando procurei as explicações que faziam do doce mais sem vergonha e gostoso do planeta, o brigadeiro, ter virado gourmet também. Queria o velho de volta, aquele que roubávamos nas festas de criança... Mas ele se foi. Pouco a pouco estão nos tirando tudo, feijoada, macarronada, mortadela, sorvete de creme e por aí vai... 

Tomara que saudade encha barriga...
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016 0 comentários

Dicas: 5 Séries para curtir no Netflix!



Quem assina sites como o Netflix não apenas sabe o que é uma boa diversão mas também aqueles momentos que a gente busca uma boa dica, especialmente quanto temos uma considerável quantidade de séries a disposição. 

Assim, nada mais frustrante que "tentar a sorte" numa série e depois... abandoná-la ainda no primeiro episódio, não é mesmo? 

Então compartilho com vocês 5 séries que eu acompanho e adoro ver no Netflix! Espero que gostem!!! Na próxima vou postar a dicar de 5 filmes!!! 

Vamos lá?



Atualizar Sherlock Holmes para o século XXI pode soar estranho, especialmente para os fãs das narrativas clássicas ambientadas na virada do XIX para o XX de Sir Arthur Conan Doyle. Mas não apenas deu liga como trouxe adaptações interessantíssimas das histórias e dos personagens, fazendo com que as tramas prendam o espectador. Benedict Cumberbatch e Martin Freeman são show de interpretação. Elementar meu caro...

Dica: Os episódios até podem ser assistidos de modo independente mas é melhor assistir na sequência para entender melhor como os personagens entram na trama. Tem 3 temporadas disponíveis no Netflix (com previsão da nova agora em janeiro de 2017).



Essa é para quem gosta do universo dos tribunais, onde uma professora de direito penal e seus alunos selecionados a dedo se envolvem em uma série de rebuscadas tramas que envolvem mistérios, assassinatos e relacionamentos complicados. Vale muito também pelas estratégias de defesa dos casos mais complexos, onde a verdade é aquela que melhor convencer. Viola Davis se destaca no comando da série, com a personagem principal Annelise Keating.

Dica: Tem que assistir na sequência. Inclusive cada episódio começa com uma prévia do anterior caso contrário não vai entender muito bem o enredo. Tem duas temporadas disponíveis no Netflix (mas na rede já rola a temporada 3).



Deus Salve a Rainha! Essa é para quem curte história, em especial, a inglesa. A série mostra como a Rainha Elisabeth II chega ao trono, numa narrativa bem construída, onde não faltam elementos da história, dramas pessoais, intrigas de bastidores, e uma fotografia que mostra o tamanho do investimento realizado na produção. Destaque para as interpretações primorosas de John Lithgow como o memorável Winston Churchill e Jared Harris encarnando o rei George VI. 

Dica: É preciso os episódios em sequência também. Conta com apenas uma temporada feita até o momento.



Quem viu "Goonies" da década de 80 merece dar um voto de confiança nessa garotada. A série agrada ao público de todas as idades e é organizada como uma grande história de mistério, suspense e uma certa dose de terror. Os temas como bullying, amizade e relacionamentos estão presentes ao longo dos episódios, com uma dose de humor na medida certa. É diversão garantida.

Dica: Tem apenas uma temporada filmada até agora e é preciso assistir na sequência já que a trama é a mesma em todos os episódios.



É uma mistura de dramas existenciais, non sense e futurismo, colocados de forma inteligente, provocativa e com desfechos inesperados. Quem seguia o antigo "Além da Imaginação" (boa antigo nisso) sabe quanto esse tipo de série é promissora. Muitas vezes os episódios trazem temas e reflexões um tanto desconcertantes, ainda mais se você que assiste se perguntar, o que eu faria se eu estivesse ali?

Dica: Os episódios podem ser vistos de modo independente e a partir de qualquer temporada pois cada um traz uma história própria. Tem 3 temporadas disponíveis no Netflix.

sábado, 24 de dezembro de 2016 0 comentários

Politicando... (Coluna da Folha dos Lagos 24/12/2016)


Milagre
Não é só Cabo Frio que ficou sem um milagre no fim do ano de 2016. No último dia 17 de dezembro o emblemático fenômeno da relíquia de São Januário, cujo sangue há 627 anos se torna líquido novamente na presença do Sumo Pontífice não ocorreu. Há quem dia que é um presságio terrível para o ano que vem. Já o referido milagre em Cabo Frio era o pagamento dos salários atrasados, ou seja, muito mais difícil que a relíquia do santo, com todo o respeito ao santo, é claro.

Fezes
Enquanto na Índia o governo aplica multa de 50 mil rupias para as companhias aéreas que vem descarregando coco pelos ares, em Cabo Frio ele é livremente utilizado para, digamos, enfeitar a residência do prefeito e de seus familiares. Mas ele não caiu graciosamente do céu. Na verdade, os servidores, já exaustos de todo o processo de desgaste com o atual governo e já cientes de que não ganharão nada ou quase nada nos próximos dias, tem ao menos proporcionado uma despedida cada vez mais contundente.

Quem Limpa
Mas se uma parte dos servidores suja, outra certamente limpa. Como a Consercaf está em dia, inclusive com o 13º (coisa que os demais servidores não vêem desde 2015), não haverá problemas em fazer com que nada reste para lembrar as manifestações. O mesmo pode-se dizer da guarda que, assim que resolver seu problema, voltará a garantir a “ordem” contra os demais manifestantes que nada conseguiram?

Ele não veio
É por isso que Marx nunca quis visitar Cabo Frio no século XIX. E dois séculos depois, caso passasse por aqui ao acaso, numa sessão espírita qualquer, ficaria tentado a ditar uma psicografia do manifesto, versão caiçara. Explicamos:  O movimento dos trabalhadores da prefeitura funciona na base do “cada um por si”, o que é mortal para a luta coletiva e bom para qualquer governo. Entretanto, os governantes podem estar chocando o “ovo da serpente”, pois quando se percebe que os trabalhadores com poder de causar mais estragos são atendidos primeiro, pode-se generalizar o comportamento.

É Natal!

Desejamos a todos o Natal mais feliz possível. Chegamos vivos até aqui o que já é motivo para agradecer ao dono da festa. Até porque não é possível nem morrer em Cabo Frio, já que os coveiros, também sem receber seus ordenados, já disseram que não enterram ninguém. Justo. Se nem Caronte, o barqueiro grego da mitologia que atravessava os mortos pelo Rio Estige, trabalhava de graça, imagina por aqui...

domingo, 18 de dezembro de 2016 0 comentários

Politicando... (coluna no Jornal Folha dos Lagos - 17/12/16)



Diplomado

No último dia 15 aconteceu a diplomação dos prefeitos e vereadores eleitos no pleito de 2016. Em Cabo Frio, ao que tudo indica, a situação vai se transformando em fato consumado, esgotando os últimos recursos da oposição. Na verdade, reduzir a discussão a um terrorismo eleitoral com o “assume/não-assume” mostra a indigência de idéias que fizeram o conjunto de oposição amargar os resultados que tiveram nas urnas. A cidade e, em especial, as pessoas que nela habitam merecem um pouco mais de consideração. Que tal ao invés de lutar de modo ferrenho pelo poder começarmos a buscar, propor ou cobrar as soluções necessárias?

Uber

A grita promete ser boa. No fundo de tudo isso está a questão da livre-concorrência. E ela não se faz colocando um conjunto de prestadores de serviço que não possuem os mesmos encargos que os seus congêneres. Água gelada, terno e gravata e balinha de café mas sem pagar o equivalente ao taxi convencional fica até mais fácil. Entretanto, os taxistas bem que podiam dar uma repaginada nos serviços prestados, na preparação dos motoristas e na organização da prestação do serviço, especialmente na alta temporada. É brigar pelo justo mas olhar para o que o mercado está pedindo. E o Uber é um sucesso aonde chega. Mas... vamos ter alguma manifestação dos “Clóvis”?

Banco do Brasil

Os servidores de Cabo Frio já não lutam pelos seus salários. Explicamos: Todo e qualquer valor que entra na conta dos sofridos trabalhadores é devidamente tragado, sugado, aspirado, abduzido pelos nobres, generosos e laboriosos operadores do Banco do Brasil. Como todo mundo ficou com a corda no pescoço com empréstimos, consignados, cheque especial e cartão de crédito, o que temos é praticamente a prefeitura pagando aos gerentes das agências. E o povo? Das duas, uma: ou se lasca ou se assume como investidor desse ínclito bastião da economia nacional. Mas se lasca mesmo assim.

Temer

Já tem gente com saudade da Dona Dilma. Esse clima de “éramos felizes e não sabíamos” tem sido a tônica das excelências que agora estão sendo devidamente delatadas. Quando estava no poder, o PT e os demais organizadores da festa conseguiam a duras penas manter as aparências do esquema que, já está provado, envolve todo o pessoal do céu, do purgatório e do inferno. Na banca de apostas é quase certa a eleição indireta. Mas quem segura esse rojão? E que parlamento tem a capadócia de falar em ética na atual conjuntura?

Diabo


Malafaia está sendo molestado pelo “sete-peles”. É que o “coisa-ruim” provavelmente já está entediado nesses tempos natalinos onde Jesus rouba a cena e resolveu possuir os investigadores da Polícia Federal para questionar uma oferta em cheque de cem mil reais. Na ira santa, nosso serafim da Assembléia de Deus, já disse que o Altíssimo vai resolver a parada. Resta saber quem, lá da “altitude”, vai meter a mão nessa cumbuca. Em resposta a este colunista, o capeta declarou desconhecer a veracidade das informações do pastor. Amém?
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016 0 comentários

Reflexão: Como Você Evolui?

Salvador Dalí. Geopoliticus Child Watching the Birth of the New Man, 1943. Salvador Dalí Museum, Saint Petersburg , Florida

Durante muito tempo tomamos emprestado do darwinismo os sentidos da palavra evolução. Assim, evolução acabou ganhando um aspecto de positividade, algo que todos adoram quando acontece em sua vida. Ao lado desse conceito, outro do mesmo pacote também costuma ser bem citado, o da mutação, como condição para a evolução. 

Bom, ao contrário do senso comum, a evolução é um processo seletivo por melhor adaptação às condições impostas pelo meio. Há que aplique o mesmo princípio para a vida em sociedade, em especial, nas ideias de meritocracia, concorrência e competição. Entretanto, se considerarmos na vida que, para evoluir, temos que apenas melhor nos adaptarmos, podemos estar prestes a cometer um grande erro.

Quando apenas nos adaptamos a alguma coisa, delegamos a ela o controle dos sentidos do nosso viver. Isso vale para entidades abstratas como o mercado ou mesmo a pessoas reais, de carne e osso. Adaptar é tomar a realidade não como contingência mas como condição. Assim, vamos desenvolvendo estratégias de permanência, sobrevivência e isso é contrário ao que nos fez ter tanto sucesso enquanto espécie: nós rompemos o universo da necessidade imediata pelo trabalho criativo, que constrói tanto o que precisamos quanto a nós mesmos.

Creio que a palavra resiliência dá um melhor sentido para a adaptação quando usada para definir um processo evolutivo das pessoas, no sentido social é claro.  A resiliência é uma adaptação complexa e nos mantém íntegros em meio ás piores tempestades. A diferença é que por meio dela nós atravessamos o mar revolto pela certeza íntima e pela construção diária e paciente de um porto seguro mais adiante. Assim, ao invés de meramente "deixar a vida te levar", e considerar que a realidade é um fato consumado, algumas dicas:

Faça uma leitura do ambiente!  Procure entender como a realidade se apresenta, por quê as coisas estão do modo que estão e como isso afeta direta e indiretamente a sua vida. É o primeiro passo para qualquer planejamento.

Controle as suas reações! Respostas emocionais a tudo as vezes nos levam ao isolamento e à frustração. Claro que nos queixamos e nos lamentamos por situações desagradáveis mas dar a essas práticas um espaço excessivo pode depositar apenas nos outros a solução dos nossos problemas.

Os outros existem! E precisamos vivenciar não apenas a nossa dor ou as nossas impressões mas desenvolver a empatia, que nada mais é do que sentir o que o outro sente. Isso nos dá uma dupla dimensão, a de que não estamos sós e que outras pessoas podem atuar de modo colaborativo para o surgimento de uma melhora possível e abrangente. Faça vínculos!!!

Tenha esperança! Otimismo é essencial. Não aquele ingênuo que espera que tudo se resolverá por si mesmo. É a crença firme de que qualquer mudança é possível. Se não for do jeito que esperamos, certamente será de um jeito que nos fará avançar para uma melhor posição, de onde poderemos olhar ainda mais adiante.

Não tenha medo! Qual o problema em cometer erros? Para isso é necessário saber de onde estamos partindo e para onde queremos chegar. Assim, o máximo que pode acontecer é buscarmos novas rotas. Mantenha-se me movimento!!!

E aí? Preparado para evoluir?

terça-feira, 13 de dezembro de 2016 0 comentários

Acabei de Ler e Recomendo!



É um livro que, de tão gostoso e envolvente, você lê quase de um fôlego só. Para os que apreciam os três temas que permeiam o livro, história, Churchill e Charutos, é ao mesmo tempo uma aula sobre os bastidores e o contexto de alguns dos principais acontecimentos envolvendo a política britânica. 

O enredo mostra a trajetória de Churchill com elementos biográficos que não se estendem para além do necessário. em cada contexto da sua atuação, o autor relaciona os gostos e circunstâncias que materializavam o consumo de diferentes marcas, bem como os caminhos que levaram a fusão do charuto à personalidade do estadista.

O meu exemplar ganhei de presente dos alunos e amigos Stephanie e Gustavo, a quem agradeço novamente aqui pelo prazer proporcionado pela maravilhosa experiência. Foi uma verdadeira degustação.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016 2 comentários

Reflexão: Humildade X Humilhação



É bem comum confundirmos essas duas palavras nos dias atuais. Não é raro que as pessoas demonstrem certa satisfação por passar por determinadas situações, jogando na conta da humildade o que, na verdade, não passa de humilhação. Vamos pensar juntos.

Primeiro a humilhação. Ela é uma situação derivada do comportamento deliberado de uma pessoa que deseja diminuir a outra por diferentes meios. Assim, a humilhação pode ser pela exposição de suposta inferioridade intelectual, econômica, social, cultural, familiar, profissional, etc... onde aquele que humilha ataca, difama, coloca o outro na posição de indesejável, incorreto, proscrito. A humilhação não tem nenhuma outra finalidade a não ser negar ao outro o direito a um tratamento igualitário, justo e honesto. Não é crítico, não constrói. 

Já a humildade pertence ao nível moral e, para alguns, tem relações estreitas com outras dimensões como a espiritualidade. Para nós, importa por enquanto a caracterização da humildade como o profundo conhecimento das próprias potencialidades e limitações, ainda que temporárias. É reconhecer a alteridade e o valor do outro, e que nada justifica que o seu direito venha antes ou seja exclusivo ao direito dos demais. Ela anda de mãos dadas com tudo o que é correto e coerente em nós e na coletividade. É o reconhecimento de nosso tamanho frente ao mundo, da nossa dignidade e de como tudo isso se relaciona com o que está próximo (e distante...)

Assim, não parece muito coerente que alguém seja humilde apenas por suportar humilhações. Há quem se vanglorie mesmo de carregar nos ombros as injustiças do mundo, de modo sereno. Mas creio que não. Pobreza, fome e privações extremas, por exemplo, não podem ser sinônimos positivos de humildade, como comumente ouvimos por aí. Elas não elevam, respeitam ou plenificam a ninguém. Só reduzem, diminuem, fazem, não raro, sumir o indivíduo na vala comum da indiferença. Ser maltratado e a isso serenar também não é humildade. Pode ser a opção pela passividade, mas humildade não. 

Por isso, uma não precisa da outra para existir. Humilhação não constrói necessariamente humildes, e mesmo humildes diante de uma humilhação, podem e devem mostrar como essa situação está errada.

Humilde é o que conhece seu valor e o dos demais e faz disso uma profissão de fé diária.
 
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