Servido à temperatura ambiente, o
governo Temer não passa até o momento de um antepasto do que seria o prato
principal: Um novo governo capitaneado pelo PSDB. Nessa condição, transitória,
os pães e pastas cumpririam um papel importante, antecipando todas as premissas
necessárias e desgastantes para uma nova tentativa de tornar o país, enfim,
neoliberal. Entretanto, um dos petiscos servidos durante a apresentação
gastronômica, ganhou ares gourmet e parece ter vida própria, contando com uma
mídia particular e holofotes personalizados: A Operação Lava Jato. Mas não
estão preparando direito a iguaria. Em algum momento um aprendiz de cozinheiro
entornou água na fervura do óleo e quem cozinha sabe o que acontece com essa
mistura, espirra em todo mundo.
E como salvar o jantar nessas
circunstâncias? Recentemente vi uma postagem em redes sociais afirmando haver
um medo generalizado pelo retorno de Lula à macia e confortável cadeira
presidencial. Em outros tempos, os dos ensaios revelados no mensalão, até
acreditaria nesse temor. Com uma oposição em frangalhos, só a desmoralização de
um governo amoral poderia surtir algum efeito. Burros n’água. Lula elege Dilma
e Dilma quase enterra Lula, o PT e o brazilian way of life da política. Com a
saída da “presidenta”, um cenário mais feliz se assanhou para todos. Para Lula,
um alívio. Para a oposição, agora neo-situação, a oportunidade de tomar de
assalto o país. Por isso, durante certo tempo, expor, culpar e punir Lula pelos
seus pecadilhos (veniais ou mortais) seria o desfecho ideal da saga heróica dos
que disseram SIM à queda de Dilma e que chancelavam as ações de Moro e
companhia.
Não é mais assim. O desfecho da
história se escreve com uma pena torta e as linhas são de uma lavra estranha.
Quanto mais o fogo purificador da Lava Jato e suas co-irmãs envolve a galope
políticos e empresários que seriam justamente os “Noés” após o dilúvio que
levou a pique Dilma, mais se percebe um esforço descarado dos três poderes em
desistir de uma brincadeira que foi longe demais.
Como não é possível, viável ou ao
que parece desejável passar o Brasil a limpo, rever as práticas e estruturas
políticas nos três poderes, redesenhar um Estado necessário ao povo e redefinir
seriamente o papel da sociedade nesse contexto, tornou-se uma condição vital,
imprescindível, necessária, a volta de Lula a presidência. Somente Lula tem o
traquejo para resolver a vida de todos.
É hora do “papai” arrumar a bagunça das
crianças, sobretudo as que “mamãe” deixou. Imagine o leitor os benefícios que o
país rapidamente vai auferir com Lula no Executivo, Gimar no Judiciário e
figuras como Renan Calheiros no congresso? Estaremos todos a salvo. O povo voltará a sentir-se empoderado por
poder comprar, se endividar e contar com uma razoável proteção do Estado em
termos de serviços. Os ricos voltarão a lucrar como nunca, sem o menor
incômodo. A classe política voltará a viver dos seus esquemas,
preferencialmente com a ajuda dos empresários de porte e do judiciário.
Não temos o cacoete da seriedade
no Brasil. Sabemos bem o que funciona e precisamos sair da crise! Mas que ao
menos alguém evite um novo Roberto Jefferson ou um Cunha. Por que se
conseguirmos emplacar o barbudo de novo, é melhor que ninguém atrapalhe a cura
do país.
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